LNB realizou nesta terça-feira (19/11), véspera do Dia da Consciência Negra, um evento que teve como objetivo ampliar a conscientização dos amantes do basquete
A Liga Nacional de Basquete realizou nesta terça-feira (19/11), véspera do Dia da Consciência Negra, no Teatro do Corinthians, um evento que teve como objetivo ampliar a conscientização dos amantes da modalidade e mostrar que o esporte deve contribuir no combate ao racismo por meio da educação e de ações constantes para o entendimento da tolerância e convívio com a diversidade.
O importante debate foi capitaneado por Rafael Garcia, coordenador de ESG da Liga e responsável pelo Tratado Antirracista pela Diversidade da LNB. Ele deu uma aula, falando da importância da cultura negra na formação do basquetebol brasileiro, em um rico resgate histórico, desde o advento do basquete na América do Norte, seu desenvolvimento nos Estados Unidos, passando pela influência do Hip-Hop e da cultura das ruas até sua chegada ao Brasil e o crescimento da modalidade até os dias atuais.
O evento se tornou uma troca de experiências enriquecedora com participação de Dandara Almeida, diretora do Centro Cultural São Paulo, que subiu ao palco com o filho Lucas Cauê, atleta do Corinthians do NBB CAIXA, Gustavo Basilio, jogador do R10 Score Vasco da Gama, MC Max, percursor do movimento Hip-Hop e comunicador, o grafiteiro Nego Todd, Lucas Locke, ex-jogador, empresário e influenciador, e Gil Justino, que se aposentou recentemente do basquete pelo Corinthians.
“É um sentimento difícil de falar, mas posso dizer que estamos no caminho certo. Quando temos uma troca com pessoas fora do nosso dia a dia, e é uma troca genuína, mostra que estamos no caminho certo. É um movimento, um direcionamento de uma máquina grande, que é o basquete, que é a Liga. Saio daqui com uma sensação de estar no caminho certo. A grande dificuldade é botar tudo em prática. Planejar, rever o que não deu certo, mas tenho uma sensação é de estar no caminho certo, sabendo que o caminho é longo, mas no caminho certo”, afirmou Rafael Garcia.
Antes Rafael Garcia assumir o comando do debate, o presidente da Liga, Rodrigo Franco Montoro, e o diretor de esportes terrestres do Corinthians, Marco Polo Lopes Pinheiro, falaram da importância de falar do tema para criar um ambiente seguro para todos. O Tratado Antirracista pela Diversidade surgiu justamente para isso, de um maneira pioneira no esporte nacional, como um documento para combater manifestações discriminatórias nos ginásios e arredores das competições promovidas pela LNB, afim de acolher e proteger eventuais vítimas.
“A Liga sai daqui com convicção de que deu mais um passo. A construção que temos de fazer com essas ações é no longo prazo. A lição que tiramos dessa magnífica manhã que tivemos é que é um letramento constante. Ouvimos histórias em que essa questão do racismo é enraizada e que, aos poucos, com muita luta e sacrifício, isso vai sendo enfrentando para que um dia possamos, quem sabe, conseguir eliminar isso da nossa realidade social. Cada passo, cada degrau que subimos é uma conquista. Saio daqui muito feliz e satisfeito, não só pela riqueza do evento, que contou com participação de inúmeras pessoas, depoentes de muito conteúdo, mas com uma sensação de realização de ter conseguido dar mais um passo e de que vamos continuar contribuindo para que essa discussão seja uma vez mais aprofunda e rica”, afirmou Rodrigo Franco Montoro.
Além de Lucas Cauê e Gustavo Basilio, que compartilharam suas experiências no palco, o evento no Parque São Jorge contou também com outros jogadores do NBB CAIXA, como Victão (Corinthians), Humberto (R10 Score Vasco da Gama) e Brunão (Paulistano/CORPe). Outras pessoas que estavam acompanhando o debate também puderam compartilhar suas histórias, como Fernando Hugo, influenciador digital de basquete, e Guilherme Pastor, agente de jogadores.
DEPOIMENTOS
Victão, jogador do Corinthians
“Hoje, para mim foi um dia de muito aprendizado. Todo mundo que pegou o microfone, todo mundo que falou, você vai se identificando com essas histórias, você vai se vendo na outra pessoa, tem muito aquela coisa igual o Rafa colocou na apresentação da solidariedade. Você vai se encontrando ali, vai vendo que, no final das contas, nossas histórias são muito parecidas, são muito iguais. Hoje foi um dia gigante. Poderia ter trazido até um caderninho para anotar, porque foi um dia de muito aprendizado, muito aprendizado mesmo. Fico muito feliz, quero que nós possamos ter mais disso, possamos estar mais juntos, se movimentando mais, podendo ajudar mais um ao outro, tendo essa conexão, tendo todo esse network que tivemos hoje e foi maravilhoso.”
Brunão, jogador do Paulistano/CORPe
“Foi uma aula. Me preocupo muito com isso, quero estudar mais o detalhamento racial, essas questões. Foi muito interessante. Apesar de eu ser jovem, já posso passar isso para os meus priminhos, para essa nova geração, para quem gosta de basquete, que é ainda mais jovem do que eu. Tenho de melhorar para conseguir passar coisas certas para eles. Gostaria de agradecer também por representar os jovens jogadores do NBB CAIXA, afinal, com 22 anos, era o mais jovem aqui. Fiquei ali, sentadinho, olhando, queria ter falado, mas fiquei com vergonha. Foi importante estar presente nisso tudo. E foi uma aula é o que tenho para falar.”
Dandara Almeida, diretora do Centro Cultural São Paulo
“Quero parabenizar a Liga, vocês que organizaram esse evento, que é de suma importância para a causa, falar sobre essa questão racial com os atletas em especial, vindo da Liga, é muito importante. Porque, na maioria das vezes, eles não têm letramento racial, mesmo sendo pessoas negras. E isso é importante, essa discussão ela tem de existir, tem de acontecer. A luta antirracismo não é uma luta fácil, é uma luta árdua, mas esse Tratado Antirracista pela Diversidade da LNB traz hoje um pouco mais de conhecimento aos presentes aqui. Espero que no ano que vem esse teatro esteja lotado. Espero que essas pessoas que hoje adquiriram esse conhecimento possam levá-lo consigo e compartilhá-lo com mais pessoas para mostrar o que aprenderam. Foi uma aula maravilhosa sobre o esporte, letramento racial, resistência, luta e amor por uma causa.”
Lucas Cauê, jogador do Corinthians e filho de Dandara Almeida
“Saio daqui aliviado por vários motivos. O primeiro é que estamos fazendo uma coisa muito grande, participando de uma luta que ela não é de agora e ela não vai acabar agora. Ela vem de muito tempo. Estamos evoluindo bastante nessa questão. Falta muito, mas estamos evoluindo muito. Somos um objeto de transformação. O segundo é porque tive oportunidade de dividir o palco pela primeira vez com minha mãe e me segurei bastante, porque, se não fosse ela, eu não estaria aqui hoje. E ver minha mãe no cargo que ela está hoje, com autoridade, propriedade para falar sobre os assuntos que ela tem falado, me deixa muito feliz. Como filho estou orgulhoso e eu sei que ela está muito orgulhosa de ter me trazido até aqui e de continuar me guiando até hoje.”
Gustavo Basilio, jogador do R10 Score Vasco da Gama
“Como atleta, eu sei que sou uma ferramenta de mudança. Faço parte da comissão de diversidade da Liga e, sei da minha importância nesse movimento que estamos iniciando, para ter melhorias, mudanças. Para quem vier agora possa vivenciar essas melhorias. O que tento passar para os mais jovens são essas minhas vivências, tudo que passei na carreira, são 12 anos como profissionais, tudo que passei dentro e fora da quadra. A importância de termos personalidade, fortalecer nossa identidade como um atleta negro, para eles terem uma vivência mais acolhedora do que tivemos.”
Gil Justino, ex-jogadora de basquete
“Foi muito gratificante ter recebido o convite para participar do evento. Foi um dia de muito aprendizado, estou muito feliz por estar aqui representando o basquete feminino. Quero levar um pouquinho do que eu aprendi hoje para as meninas. As meninas têm pouco conhecimento neste assunto. Espero poder conseguir passar um pouco disso para elas, agora que vou trabalhar fora das quadras após me aposentar. Quero tentar fortalecer elas de alguma maneira. Falta um pouco para elas entenderem essa força que elas têm, ainda mais por sermos mulheres, muitas meninas têm medo de falar, tem medo de dar voz, tem medo de ser oprimida, mas acho que isso não pode acontecer porque o campeonato existe. A LBF existe por nós, somos as estrelas e temos de se fortalecer enquanto conjunto para as coisas acontecerem e melhorarem.”
Guilherme Pastor, agente de jogadores
“É uma felicidade viver esse movimento da Liga, o movimento por meio do ESG. Fico muito feliz de ver os atletas aqui, tanto atletas negros quanto atletas brancos, e é um novo marco da Liga e que vai trazer visibilidade, que vai nos colocar nos espaços que nós precisamos estar, que vai nos dar mais voz. Como nós falamos aqui, a maioria da população é preta. Essa é a forma de conseguir valorizar e mudar tudo que passamos. Temos também de se conectar pelas vitórias, exaltar essas vitórias para que também outros atletas, outros influenciadores, meninos e meninas, possam se sentir representados e crescerem, e fazer tudo isso, por meio da Liga, da instituição, é genial.”
Lucas Locke, ex-jogador, empresário e influenciador
“Saio daqui com o coração bem aquecido. É um movimento muito importante, conseguimos perceber que não estamos sozinhos. Esse movimento não é fácil fazer sozinho, mas temos pessoas que estão com causas culturais, não só raciais, mas culturais, numa linhagem muito legal. E saber que, independentemente da Liga, esse movimento é nosso. Por meio dos atletas, do Rafa (Rafael Garcia), com uma grande iniciativa com esse letramento racial, por meio dos representantes de times, empresários, técnicos, e os atletas, que estão abertos a colocar isso tudo em prática, para não ficar apenas no discurso e sim sair daqui para alcançar cada vez mais uma nova geração, que é o nosso objetivo. Fazer com que eles não passem a mesma coisa que nós passamos.”
MC Max, percursor do movimento Hip-Hop e comunicador
“Saio com um pouquinho da alma lavada, entendendo que as pessoas brancas e empresários estão se preocupando com pontos essenciais para que possamos ter uma comunidade muito melhor, para que possamos ter mais equidade. É dever cumprido mesmo. Porque, na verdade, em nenhum momento eu disse parabéns para a Liga, parabéns pelo evento que está fazendo, porque é necessário, tem de ser feito, entendeu? E não é só a Liga, tem de ser feito pelo CBF, tem de ser feito pela CBV, tem de ser feito pela confederação de handebol, de futebol americano, de judô, enfim. As entidades precisam se preocupar, não só nesse momento, mas sempre, porque, se olharmos na totalidade das modalidades, são as pessoas pretas que estão fazendo a modalidade acontecer.”
Nego Todd, grafiteiro e artista
“Situações como esta se tornam um marco. Nós fazemos esse tipo de trabalho, estamos fomentando essa cultura de rua, essa cultura do basquete pelos lugares, mas ainda não tínhamos nos encontrado. Quando a Liga traz esse protagonistas para dialogar e pensar em caminhos é de extrema importância para continuar esse desenvolvimento. Fiz questão de vir justamente por causa dessa troca. Saímos fortalecidos. Percebemos que não estamos sozinhos. Às vezes você está atuando nas comunidades e não vê o irmão, a irmã ao lado. Foi interessante para construir essas pontes entre marcas, instituições. É uma pauta muito importante para o basquete e para o País.”
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty e UMP e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.
Por: Imprensa – Liga Nacional de Basquete