Campeã mundial de jiu-jitsu (e mãe) luta por patrocínio para competir

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Em ascensão na carreira esportiva e com destaque como influenciadora de estilo de vida nas redes sociais, a paulista Carina Santi procura apoio para financiar viagens e treinamentos para competições

Número 1 na categoria Master da International Brazilian Jiu-Jitsu (IBJJF), recém-campeã mundial em Las Vegas, nos Estados Unidos, Carina Santi, de 34 anos, encara um desafio que ainda luta para vencer na carreira: a busca por patrocínios e apoios financeiros para dar suporte à uma ascensão no esporte, e na vida pessoal, que se desdobra em múltiplas atividades.

Carina vive o auge dentro nos tatames, mas lutadora é só uma das ocupações da paulista de Osasco (SP). No esporte, é também personal trainer e, recentemente, descobriu-se como competidora de fisiculturismo. E é na maternidade, mãe de Alicia, de 9 anos, e de Bernardo, de 3, que Carina busca inspiração para seguir com seus objetivos de vida. “Eu faço tudo por eles e para eles. Quero ser o melhor exemplo como mãe, esposa e mulher. Quero mostrar para eles que do mesmo jeito que eu consigo, eles também conseguem. São uma inspiração para seguir em frente, apesar das dificuldades, que são muitas. Mas superação está na minha rotina”, comenta Carina. 

As obrigações familiares, que divide com o companheiro, pai das crianças e treinador, Diogo Almeida, de 41 anos, são percebidas por Carina também na hora de buscar patrocínios. A impressão da lutadora é que determinadas empresas creem que a maternidade é um limitador na carreira profissional. “Pelo fato de eu ser mãe, muitas empresas já fecham as portas de cara, nem querem saber. Parece que a sociedade tem a impressão de que a mãe não é capaz de fazer as coisas, porque estaria 100% dedicada à criação dos filhos, porque os filhos seriam uma limitação para as atividades. Algo que, claro, não é verdade”, comenta a esportista. 

Como lutadora, Carina acostumou-se a colecionar títulos. Em agosto deste ano, conquistou um dos principais feitos da carreira de mais de 15 anos, ao sagrar-se medalha de ouro no Mundial de Las Vegas, na categoria Master 1. Já foi campeã europeia quatro vezes, oito vezes brasileira e ganhou dois ouros no Pan-Americano.  Carina foi ainda homenageada pela IBJJF como a número 1 do ranking mundial na categoria Master. 

Mesmo com os grandes resultados, a lutadora enfrenta grandes dificuldades para obter apoio financeiro e, por vezes, precisa bancar com os próprios recursos as viagens para competir. Carina integra um programa de Bolsa Atleta da Prefeitura de Osasco e, para ir aos Estados Unidos, obteve R$ 3.000 de patrocínio através de uma marca, valor dividido com o marido Douglas.

Além da atividade como personal trainer, Carina também divide o tempo com aparições nas redes sociais. A paulista tem mais de 40 mil seguidores no Instagram, já teve canal no Youtube, e mostra poder de influência no segmento fitness, estilo de vida, alimentação, família, sem contar a rotina de lutadora e fisiculturista. “Acordo todos os dias sabendo que vou me dedicar 100% a fazer o que eu amo. E passei a explorar isso tudo no contato com o público, pois gosto e acho que tenho facilidade também para me comunicar nas redes sociais”, avalia Carina, que é faixa-preta 3º em jiu-jitsu e já disputou eventos sem kimono e, também, de grappling.  

A trajetória de Santi também é marcada por um desafio de ordem pessoal, relacionado à saúde mental. Em 2009, Carina perdeu o pai, Sylvio. O episódio traumático desencadeou síndrome do pânico, depressão e ansiedade e foi, justamente, quando a lutadora experimentou o jiu-jitsu e acabou encantada pela modalidade. “Eu sempre fui muito apegada ao meu pai, e a morte dele foi muito rápida. Ele faleceu quando eu estava me despedindo, isso me impactou muito e em dois meses ganhei 20 quilos. Foi quando eu iniciei no jiu-jitsu para me ajudar a melhorar, acabei me apaixonando pela modalidade e nunca mais parei”, recorda. 

São situações que forjaram uma campeã disposta a crescer ainda mais na carreira. “Algumas empresas querem que eu faça vídeo de biquíni, rebolando, sensualizando, não é meu perfil, e vejo que não fazer dificulta. Mas eu sigo firme, como uma atleta, profissional e mãe que escolheu batalhar pelos meus objetivos”, completa a atleta. 

Por: Fernanda Glinka 

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