Porsche Cup C6 Bank: Christian Hahn vence de slicks no piso molhado em Interlagos

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Carrera Cup vai para a etapa final com empate entre Marçal Muller e Miguel Paludo na liderança do campeonato

Festejando dez anos de carreira no esporte a motor, Christian Hahn mais uma vez mostrou toda sua habilidade e controle de carro no piso molhado. De pneus slick na chuva, o competidor do Porsche #26 exibiu todo seu repertório. Fez uma respeitável manobra por fora na curva do Sol e venceu pela segunda vez no ano.

A manobra acrescentou um tempero especial à penúltima etapa do calendário. O concorrente superado no lance, Marçal Muller, terminou a prova em segundo e vai para a decisão do campeonato no evento suporte do GP São Paulo de F1 rigorosamente empatado em pontos com o eneacampeão Miguel Paludo. Os dois somam 214 tentos após dez corridas.

Pela classe Challenge a vitória, de ponta a ponta largando da pole, foi de Miguel Mariotti. Ele reassumiu a liderança no campeonato, muito favorecido por uma jornada discreta da atual campeã, Antonella Bassani.

A penúltima etapa do ano marcou ainda a primeira conquista de um título entre os seis em disputa no campeonato de corridas curtas. O jovem Caio Chaves, de 16 anos de idade, venceu novamente na Challenge Rookie e não pode mais ser alcançado por seus perseguidores, mesmo que seja punido com bandeiras pretas nas provas da preliminar da F1.

A próxima etapa da Porsche Cup C6 Bank acontece em Termas de Río Hondo, para a segunda disputa do Endurance Challenge em 2024 no dia 22 de setembro. A decisão do campeonato de sprint acontece no primeiro fim de semana de novembro, novamente em Interlagos. 

As corridas

Carrera

Marçal Muller fez valer a vantagem de sair da pole e contornou o S do Senna na liderança, acompanhado por Miguel Paludo em segundo. Lucas Salles saltou bem, de quinto para quarto, atrás de Chris Hahn. Werner Neugebauer caiu para quinto.

O safety-car foi acionado para resgate de quatro carros acidentados no Laranjinha. Pelos subcampeonatos, os líderes eram Peter Ferter (Sport), em sexto no geral, e Bruno Campos (Rookie), em 13º.

A relargada veio na abertura da volta 4, sem trocas de posições. Àquela altura, alguns carros começavam a acionar o limpador de parabrisa, conforme garoava em trechos da pista.

Marçal livrou margem sobre Paludo, que acabou transpirando na tomada da Junção ao usar a zebra. Isso favoreceu ataque de Hahn, que emparelhou na reta principal, mas ficou por fora no contorno do S do Senna e recolheu. Então na quinta volta mais uma vez o #7 desgarrou. Hahn foi oportunista no Laranjinha e mergulhou por dentro para ser vice-líder.

Mas Paludo não havia desistido do segundo lugar e continuou no encalço a Hahn. A disputa favoreceu Muller na liderança, e o #544 abriu a volta 7 com 3.860s de vantagem sobre o #26.

A chuva apertou, exigindo nova intervenção do carro de segurança.

Peter Ferter, que vinha na liderança da Sport, desgarrou. Lineu Pires se aproveitou e assumiu a dianteira, mas também rodou na curva seguinte. Então Edu Guedes apresentou avarias na parte frontal de seu carro.

Quando o pelotão foi restabelecido, o top5 era composto por Muller, Hahn, Paludo, Salles e Neugebauer. Em sétimo, Ferter tinha recuperado a liderança na Sport, enquanto Bruno Campos, em 11º, era o melhor da classe Rookie.

A relargada veio na abertura da volta 10, com o piso já bastante escorregadio. Hahn tentou atacar Muller por fora no Laranjinha e no Bico de Pato. Os dois abriram a volta 12 separados por 0.065s e então fizeram linhas alternadas no S do Senna. Hahn bancou a trajetória por fora na curva do Sol e deixou a porta aberta para um ataque na freada do Lago, mas segurou a dianteira com estilo.

Com outros competidores rodando nas desafiadoras condições de aderência, o safety-car novamente foi acionado. Hahn liderava à frente de Marçal e Paludo. Neugebauer e Alceu Feldmann completavam o top5. Em sétimo Ferter liderava na Sport, enquanto na Rookie o primeiro era Eduardo Menossi, com o 11º lugar.

E eles foram até a bandeirada comboiados pelo carro de segurança. 

Challenge
Para a última largada do dia, os carros foram equipados com pneus Michelin para o piso molhado e a direção de prova determinou largada em fila indiana única. O pole Miguel Mariotti logo abriu terreno, enquanto Alceu Feldmann Neto saltou de quarto no grid para a vice-liderança em menos de meia volta. Vencedor na véspera, Gerson Campos também se destacou no início, avançando de sexto para quarto.

No término da primeira volta, os cinco primeiros eram Mariotti, Feldmann Neto, Cristian Mohr, Gerson e Sebá Malucelli. Feldmann acumulava as lideranças nas classes Sport e Rookie.

Mohr tentou atacar Feldmann pelo segundo lugar, e Caio Chaves atacou Malucelli pelo quinto posto na abertura da volta 3, ambas manobras neutralizadas.

Na passagem seguinte, Mohr atacou por fora e passou Feldmann na freada do S do Senna, avançando para o segundo lugar. Na sequência Gerson também ultrapassou o #1, no Laranjinha. 

Feldmann depois rodou na Junção, de modo que Caio Chaves assumiu a liderança na Rookie com o sexto lugar no geral e Malucelli a liderança na Sport com o quarto posto.

Mohr tratou de reduzir o gap de Mariotti na liderança para 0.868s na metade da prova. Gerson vinha tranquilo em terceiro, enquanto Malucelli e Leonardo Herrmann brigavam a seguir pelas duas últimas vagas no pódio e a vitória na Sport. Em sexto, Caio Chaves seguia na liderança da Rookie.

Na décima volta Herrmann passou Malucelli por fora na descida do Lago e assumiu o quarto lugar. Caio Chaves e Celio Brasil logo também se aproximaram do #100.

Mariotti logo deu o troco nas investidas de Mohr e ampliou novamente a margem na liderança da prova. Logo atrás, Herrmann passou Gerson, e Celio Brasil perdeu terreno ao ficar atravessado em um “drift” em uma curva.

Chaves então passou Malucelli, para conquistar um lugar no pódio geral e a vice-liderança na Sport além da vitória na Rookie _e assim coroar seu título por antecipação na temporada de estreia.
O safety-car então foi acionado, em razão de detritos na pista.

Mariotti venceu mais uma vez, para assumir a liderança na tabela de pontos ultrapassando Antonella Bassani. Mohr conduziu seu carro em segundo lugar. Herrmann foi terceiro, vencendo na Sport. Gerson e Chaves completaram o pódio.

Trophy
Com a chuva da véspera, a classificação ficou para a manhã deste domingo e foi realizada com pneus Michelin para piso molhado. Silvio Morestoni cravou a pole, com Gui Affonso largando em segundo.

Na hora da largada os carros foram equipados com pneus slick, embora houvesse ainda alguma água nas zebras. Após alguma voltas de aquecimento, a corrida foi iniciada em fila indiana. Morestoni sustentou a dianteira, pressionado por Affonso. Este sofreu pressão de José Moura Neto no Laranjinha.
Em quarto no grid, Ricardo Zylberman escapou da pista e perdeu posições, de modo que Neto Heil e Denis Ferrer completaram a primeira volta no top5.

Na volta 2, Moura Neto atacou Gui Affonso na freada do S do Senna e os dois fizeram a primeira perna emparelhados. Affonso inicialmente neutralizou o assédio, mas na reta Oposta acabou ultrapassado. Como Morestoni escapou, o pega entre Affonso e Moura Neto era pela liderança.

E ele abriu a volta 3 em primeiro lugar. Affonso era segundo e Morestoni terceiro. Ferrer e Heil completavam o top5.

Na abertura do giro seguinte, Lucas Lucco ultrapassou Leticia Bufoni pelo sétimo lugar. Mas o #777 aparentava ter uma peça da carenagem solta e acabou bloqueando rodas na frenagem da curva do Lago. Leticia se aproximou, mas sem ação para tentar retomar a posição.

Morestoni recuperou a vice-liderança passando Affonso no Laranjinha na volta 6. Ele era mais veloz que o líder e restavam ainda 9 minutos no cronômetro regressivo. 

O safety-car foi acionado na volta 8, em incidente na curva do Lago. Gustavo Costa ficou atravessado na linha de tangência e acabou sendo coletado pelo carro de William Araujo, determinando o fim de prova para ambos.

A prova relargou para o sprint de uma volta. Morestoni tentou por fora sobre Moura Neto. Fernando Arruda avançou bem de quarto para segundo e Gui Affonso rodou no S do Senna, ficando atravessado. Os concorrentes evitaram o carro #4, com Neto Heil mostrando muito reflexo para não acertar o carro de Affonso.

Arruda tentou até o fim passar Moura Neto. Mas abusou e acabou rodando na Junção. Morestoni agradeceu, recuperando a vice-liderança.

Assim, na bandeirada, a vitória ficou com Moura Neto, sua primeira no evento dos carros de competição mais produzidos no mundo. Morestoni foi segundo. Ferrer, Gabriel Líber e Neto Heil completaram o pódio, com o Heil vencendo também na classe Sport.

Com os resultados, Moura Neto ampliou a vantagem na liderança geral, enquanto Heil é o líder na classe de entrada.

O que eles disseram:
“A chance do titulo infelizmente é muito baixa por causa de três abandonos durante o ano e há apenas dois descartes no regulamento. Tenho um sentimento a mais com o carro na chuva desde o kart. E depois que aprendi a técnica e ganhei mais quilometragem ficou melhor ainda. Em todos os grids que andei na vida sempre foi assim e fico contente com a vitória”
Christian Hahn


“Conseguimos uma ótima largada e o ritmo era muito bom no seco. Infelizmente veio a chuva e bagunçou nossa estratégia. Importante foram os bons pontos para o campeonato. A chuva atrapalhou bastante, infelizmente não consegui manter o bom ritmo do seco e o Hahn veio muito forte. Escolhi não dividir a curva com ele pensando no campeonato e garanti esse segundo lugar que é importante nas nossas pretensões.”
Marçal Muller


“É uma temporada sólida até aqui, indo ao pódio na maioria das provas até aqui. Hoje foi mais um dia muito positivo, não só pelo pódio, mas também por voltar a andar rápido. 
Esperava um pouco mais de bandeira verde, era minha aposta com a calibragem e quando começamos a chegar no acerto ideal veio a chuva e comecei a pensar em terminar a prova e somar o maior número de pontos. Vi o Hahn chegando no Muller e sabia que eles brigariam. Agora é chegar na preliminar da Fórmula 1 e brigar por mais um título.”

Miguel Paludo

“Muito bom vencer em Interlagos e na reta final do campeonato, em um ano muito disputado. Foi difícil, nunca tinha corrido na chuva e isso me deixou um pouco nervoso antes da corrida largar. Mas, deu tudo certo, consegui correr sem o spray na cara e consegui imprimir um bom ritmo para vencer. O campeonato ainda está embolado e não tem nada decidido ainda, em novembro tem a final e vamos tentar buscar o título.”
Miguel Mariotti

“As lágrimas representam que eu consegui!
Me dediquei 100% e treinei muito para conseguir isto. Mantive a calma e consegui replicar tudo na corrida, eu consegui.
Mãe, este título é para você, amanhã é seu aniversário e eu dedico ele para você.”
Caio Chaves

“Muito feliz com o resultado, agradeço muito a minha equipe que me ajuda muito. Quando estamos dentro do carro somos nós que decidimos, não sabemos o que vai acontecer nessas condições de pista e o Vitor Baptista ia sempre me recomendando testar os traçados para achar o melhor grip. Consegui ser mais rápido das disputas que eu estava e no fim deu tudo certo.”
Leonardo Herrmann

“A pista estava muito perigosa no final, muita gente bateu e era fundamental evitar as zebras. O fim de semana foi perfeito, duas vitórias e saio daqui bem na frente do segundo colocado. Agora é ir para a decisão e somar os pontos para conquistar o título.”
Peter Ferter

“O domingo foi exatamente como eu queria, estava torcendo para a chuva pois sei que o pessoal fica mais apreensivo com a condição. A condição foi uma lembrança do motivo de eu estar aqui. Para todo o brasileiro que gosta de automobilismo, as corridas na chuva fazem parte das nossas memórias. Hoje foi um dia de boas lembranças do Senna e ele é uma das razões de estar aqui. Hoje é dia de celebrar isto.”
Eduardo Menossi

“São seis meses chegando na segunda posição e finalmente veio essa vitória. Comprei um kart e um simulador para poder treinar e melhorar até conseguir essa vitória. O Morestoni é um cara muito rápido, então deu um trabalho enorme de segurar ele. O safety-car ajudou a dar uma respirada e recompor as forças. Feliz por ter dado tudo certo no final. Agora vamos para a última etapa com os pés no chão para disputar o título.”
José Moura Neto


“Foi uma corrida intensa do começo ao fim. Consegui um bom quali, partindo de sexto com os pneus de chuva. A corrida foi de slick, tivemos um bom ritmo de corrida e agora vamos para a próxima.”
Neto Heil

“Não foi o fim de semana que a gente esperava, mas um campeonato não é feito de uma etapa apenas. Construímos nossa temporada ao longo do ano com boa performance e vitórias. Isso nos credenciou para disputar novamente o título na preliminar da F1. No ano passado lutamos até o fim e a conquista veio. Vamos trabalhar da mesma forma em 2024”
Antonella Bassani

Resultados
Carrera Cup
1. #26. Christian Hahn 28:35.781
2. #544. Marçal Muller +1.409
3. #7. Miguel Paludo +2.185
4. #8. Werner Neugebauer +4.078
5. #1. Alceu Feldmann +4.289
6. #70. Lucas Salles +6.027
7. #56. Peter Ferter (S) +6.614
8. #22. Raijan Mascarello (S) +8.056
9. #17. Marcos Regadas (S) +8.187
10. #77. Francisco Horta (S) +9.767
11. #85. Eduardo Menossi (R) +12.745
12. #87. Nelson Monteiro (S) +14.406
13. #51. Israel Salmen (R) +15.015
14. #33. Bruno Campos (R) +16.272
15. #24. Gustavo Zanon (R) +16.618
16. #80. Rouman Ziemkiewicz (S) +18.015
17. #84. Gustavo Farah (R) +20.608
18. #14. Carlos Campos (S) +25.160
19. #60. Ramon Alcaraz (R) +25.421
20. #74. Piero Cifali (R) +2:22.233
21. #29. Rodrigo Mello – 3 voltas
DNF
#199. Nelson Marcondes (S)
#88. Georgios Frangulis (S)
#27. Josimar Junior (S)
#9. Edu Guedes (R)
#12. Marco Pisani (R)
#25. Paulo Sousa (R)
#888. Lineu Pires (S)
#20. Pedro Aguiar
DNS
#3. Franco Giaffone
(S) Sport / (R) Rookie


Sprint Challenge
1. #21. Miguel Mariotti 28:50.601
2. #3. Cristian Mohr +1.406
3. #23. Leonardo Herrmann (S) +2.251
4. #82. Gerson Campos +3.229
5. #54. Caio Chaves (R) +4.445
6. #100. Sebá Malucelli (S) +5.408
7. #177. Lucas Locatelli (R) +6.167
8. #72. Antonella Bassani +8.277
9. #139. Celio Brasil (S) +8.940
10. #2. André Rosário +9.928
11. #22. Caio Castro +10.447
12. #44. Giuliano Bertuccelli (S) +11.409
13. #58. Claudio Simão (R) +12.728
14. #9. Claudio Reina (R) +13.802
15. #71. SangHo Kim (S) +15.410
16. #99. Wagner Pontes (R) +16.832
17. #38. Eric Santos (R) +19.315
18. #1. Alceu Feldmann Neto (R) +20.091
19. #32. Matheus Roque (S) +28.520
20. #7. Luiz Souza (S) +54.947
21. #66. Sadak Leite -2 voltas
(S) Sport / (R) Rookie


Sprint Trophy
1. #45. José Moura Neto 21:55.573
2. #8. Silvio Morestoni +2.239
3. #121. Denis Ferrer +4.681
4. #14. Gabriel Líber +7.314
5. #331. Neto Heil (S) +7.418
6. #22. Heverton Cardoso (S) +8.283
7. #129. Fernando Arruda (S) +9.647
8. #13. Leticia Bufoni +11.239
9. #7. André Cytrynbaum (S) +11.592
10. #77. Vitor Marques (S) +12.774
11. #18. Ricardo Zylberman (S) +13.024
12. #4 Gui Affonso (S) +13.735
13. #12. Marcelo Seiroz (S) +17.142
DNF
#1. Gustavo Costa (S)
#33. William Araujo
#777. Lucas Lucco
#69. Maurício Barros (S)
(S) Sport

Sobre a Porsche Cup C6 Bank
Maior evento de GT da América Latina, a Porsche Cup C6 Bank realiza campeonatos no Brasil desde 2005. É a maior categoria monomarca e monogestão do País, mandando para a pista a cada evento cerca de 40 carros, rigorosamente idênticos. Os modelos usados na categoria são o Porsche 911 GT3 Cup, das gerações 992, 991-2 e 991-1. É o carro de competição mais produzido e vendido no mundo, realizando corridas tanto em eventos-suporte de categorias como F1, 24H de Le Mans, IMSA etc, quanto em eventos proprietários. No Brasil o campeonato tem nove etapas, sendo seis de sprint (com duas corridas de até 30 minutos cada) e três de endurance, com provas de 300 a 500 km nas quais os pilotos formam tripulações de duplas ou trios.

Por: Luis Ferrari

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