A segunda prova de endurance da temporada 2022 do TCR South America teve emoção e drama do início ao fim. Os pilotos do WTCR mostraram serviço com performances contundentes, os competidores regulares do Sul-Americano exibiram a combatividade de sempre, o Toyota Corolla estreou com velocidade e as disputas foram intensas em todos os pelotões durante uma hora de corrida. No fim do dia, a vitória sorriu para o Honda #34, de Fabio Casagrande e Esteban Guerrieri.
Piloto da Copa Trophy, Casagrande era quarto colocado na abertura da volta final e acabou favorecido por disputa entre Alceu Feldmann e Mikel Azcona que se estendeu para a área de escape e por falha do Honda #29, naquela altura pilotado por Ignacio Montenegro.
Na largada o pole Manuel Sapag sustentou bem sua linha. Bernardo Llaver e Juan Angel Rosso trocaram tinta e acabaram perdendo tempo em luta pelo segundo lugar, o que favoreceu escalada de Nestor “Bebu” Girolami, de quinto no grid para segundo. Outro que saltou bem foi Guerrieri, de oitavo para terceiro.
Na terceira volta Girolami passou Sapag, e Rosso seguiu a linha. Depois Guerrieri também deixou o Lynk & Co #33 para trás. Llaver então atacou Sapag, mas houve contato lateral entre os carros e o CUPRA #77 escapou da pista, perdendo tempo e posições. Os dois tiveram que entrar para box a seguir, caindo para fundo do pelotão.
Outro que fez uma excursão fora do traçado foi Rosso, ao tentar passar Girolami por fora. Guerrieri aproveitou e avançou para segundo lugar. Com uma tocada segura, Matias Milla vinha em quarto com o CUPRA #17, uma posição à frente de Carlos Okulovich com o Lynk #7.
Guerrieri assumiu a liderança com bela manobra sobre Girolami na abertura da volta 6. Simultaneamente, Thiago Camilo entrou no top5 com o novo Toyota Corolla ultrapassando o carro líder do campeonato.
O pelotão então se estabeleceu sem alterações até a volta 11, quando Camilo levou o Corolla para os pits com problemas na suspensão dianteira, e Rosso passou Girolami pelo segundo lugar. Àquela altura, a vantagem de Guerrieri vinha na casa de 4s.
Com três Hondas nas três primeiras posições, o top5 antes da abertura da janela de pits tinha o CUPRA #17 em quarto e o Lynk #7 em quinto. Logo atrás, o chileno Martin Scuncio, com o Hyundai #18, desafiava o Honda #88 de Facundo Marques pela sexta posição.
Girolami e Rosso entraram juntos para troca de pneus e de pilotos na primeira volta da janela. Milla e Oculovich fizeram o mesmo. Guerrieri, por sua vez, seguia acelerando forte para abrir vantagem na pista antes de ceder o carro a Fabio Casagrande. O #34 chegou a colocar uma volta de vantagem sobre o #26 quando Ricardo Risatti saiu do pit guiando no lugar de Rosso.
Alceu Feldmann, com o CUPRA #17, ganhou a posição de Ignacio Montenegro com o Honda #29, favorecido por um pit-stop 7s mais rápido. Ele logo alcançou Risatti e partiu para o ataque. Na mesma volta (21), o Honda #26 perdeu duas posições, para Feldmann e Montenegro.
Guerrieri então entrou nos pits na volta final da janela, com margem de uma volta e mais 7s sobre Feldmann. Os Hondas #29 e #26 vinham em terceiro e quarto, com um voador Mikel Azcona em quinto com o Hyundai #35 cravando seguidas voltas mais rápidas.
A vantagem de Casagrande sobre Feldmann era da 7.3s a dez voltas para o final. Montenegro vinha relativamente tranquilo em terceiro. Azcona já havia superado Risatti para ser quarto. E Pezzini se aproximava rapidamente do Honda #26, até passar na volta 23.
Em duas voltas, Feldmann reduziu pela metade a vantagem de Casagrande. Montenegro vinha 2s atrás do CUPRA #17, também descontando tempo para o Honda líder.
Feldmann atacou por fora na curva 0 na abertura da volta 28. Casagrande fechou a porta e a disputa favoreceu a chegada de Montenegro e de Azcona.
Feldmann conseguiu assumir a liderança na volta seguinte, mas em disputa em 3-wide Casagrande vendeu caro o primeiro lugar. Montenegro acabou melhor posicionado e avançou de terceiro para primeiro.
Azcona então passou Casagrande e abriu ataque sobre Feldmann. O espanhol e o brasileiro fizeram metade da volta 30 emparelhados, trocando duas vezes de posição.
Na volta 31, Azcona passou Feldmann, mas os carros se tocaram e saíram da pista. Retornaram, mas perderam posições para Casagrande.
O Honda #29 perdeu rendimento, de modo que também ficou à mercê do #34, que avançou de quarto para a liderança na volta final.
Mesmo com danos, Feldmann conseguiu conduzir até o final em segundo. Azcona foi terceiro, Pezzini quarto e o Peugeot #60, de Juan Manuel Casella e Frederik Balbi completou o top5.
Após a corrida os comissários impuseram pena de desclassificação ao CUPRA #17 pela manobra contra Azcona, o que promoveu o Lynk #7 para o terceiro lugar no pódio e o Peugeot #15 para a vaga final do top5.
No campeonato, a liderança segue com o argentino Fabricio Pezzini. Ele tem agora 401 pontos, com vantagem de 72 sobre Rosso, 84 sobre Raphael Reis e 92 sobre Sapag.
Faltam duas etapas de sprint para definir os títulos do TCR South America. A próxima reunião acontece em Buenos Aires, em 17 e 18 de setembro. E a etapa final está marcada para Villicum, nos dias 8 e 9 de outubro.
O que eles disseram:
“Vim para essa corrida querendo absorver o máximo possível, aprender o máximo com o Esteban (Guerrieri). Evoluí muito no fim de semana. Isso foi um prêmio enorme. Fui um bom aluno, foi um prêmio enorme.”
Fabio Casagrande
“Corridas são corridas, temos que acreditar até o final e assim aconteceu hoje, foi um exemplo claro de que temos que tentar até o final e mesmo assim contar com a sorte. Foi um grande trabalho de toda a equipe, o carro funcionou perfeitamente o fim de semana inteiro. Consegui largar bem e ter uma tocada limpa, entreguei o carro para o Fábio e ele também fez um trabalho incrível.
Outro ponto do final de semana era ajudar com a minha experiência e passar para ele os toques de como guiar o carro e ter um desempenho ainda melhor. Fábio é um cara muito humilde e tranquilo, com muita vontade de aprender. Fiquei com uma sensação muito boa neste fim de semana e terminou com uma vitória incrível. Fábio não percebeu que havia ganhado a corrida, achou que estivesse apenas na primeira posição da Copa Trophy, me perguntou no final como terminamos na geral e contamos que nós havíamos vencido também, foi emocionante.”
Esteban Guerrieri
“Foi um fim de semana de muito aprendizado. A gente vinha bem na corrida, a equipe fez um ótimo trabalho no pit stop. O Azcona assumiu e fez uma corrida perfeita, vinha muito rápido, tinha muita chance de vitória. Infelizmente, um toque nas últimas voltas tirou essa chance, mas acredito que se não tivesse sido isso, a gente tinha chance de brigar pela vitória. Mas parabéns ao Guerrieri e ao Casagrande, que fizeram uma corrida excelente também. Foi um ótimo fim de semana para a gente, com certeza isso vai ajudar demais no resto do ano.”
Pedro Aizza
“Estou bem feliz com o resultado, largamos em nono e terminamos em terceiro. O trabalho do Pedro (Aizza) foi incrível. Ele é um piloto jovem, muito rápido, que está demonstrando seu talento. Fiquei contente com meu stint, o carro estava fantástico. O carro estava muito rápido e consegui marcar a melhor volta da corrida. Nas últimas voltas tratei de ganhar posições com uma batalha muito linda, com pilotos como (Juan Angel) Rosso, o companheiro de Esteban (Guerrieri). Foi uma corrida muito limpa e bonita. Mas com o Cupra foi um momento fora do normal, não? Defendi a posição dando três metros de espaço porque na curva anterior cometi um erro e ele não quis devolver a posição. E de repente recebi um golpe muito forte mesmo deixando seis metros de espaço. Não entendi. Creio que ele fez de propósito. Isso é muito perigoso para o automobilismo. Não só isso: quando estava na brita, ele veio acelerando tudo contra a minha lateral. E isso não deveria ser aceito.”
Mikel Azcona
“Agradeço pelo grande trabalho durante todo o fim de semana. Por pouco não conseguimos a vitória. Mas estou muito feliz. Alceu é um grande piloto. Sofremos muito também nesta corrida. Por sorte e graças a Deus terminamos no pódio. Quero agradecer 100% a ele por ter confiado em mim para correr aqui. Foi uma corrida duríssima desde a primeira volta, não tínhamos tanta velocidade, mas tínhamos um bom acerto. Logo nos recuperamos e o Alceu fez uma grande corrida também.”
Matías Milla
“O carro estava bom de chão. A gente estava sobrando na pista e íamos ganhar a corrida. Mas o carro nas últimas voltas começou a falhar. Foi uma falha de combustível que já vem desde o Uruguai. Temos de resolver isso porque tínhamos a chance de ganhar a corrida com facilidade. E estamos complicando nossa vida em todas as corridas.”
Alceu Feldmann
RESULTADO
1. #34 Fabio Casagrande (BRA)/Esteban Guerrieri (ARG)
2. #35 Pedro Aizza (BRA)/Mikel Azcona (ESP)
3. #7 Fabricio Pezzini (ARG)/Carlos Okulovich (ARG)
4. #60 Juan Manuel Casella (URU)/Frederick Balbi (URU)
5. #15 Enrique Maglione (URU)/Rodrigo Aramendia (URU)
6. #6 Pedro Nunes (BRA)/Marcio Basso (BRA)
7. #22 Gabriel Lusquiños (BRA)/Vitor Genz (BRA)
8. #87 Franco Farina (ARG)/Guilherme Resichl (BRA)
9. #33 Manuel Sapag (ARG) /Santiago Urrutia (URU)
10. #10 Adalberto Baptista (BRA)/Sergio Ramalho (BRA)
11. #26 Juan Ángel Rosso (ARG)/Ricardo Risatti (ARG)
12. #18 Javier Scuncio (CHI)/Martín Scuncio (CHI)
13. #29 Ignacio Montenegro (ARG)/Néstor Girolami (ARG)
14. #77 Raphael Reis (BRA)/Bernardo Llaver (ARG)
DNF
#14 Matías Cravero (ARG)/Martín Chialvo (ARG)
#73 Juan Pablo Bessone (ARG)/Isidoro Vezzaro (ARG)
#88 Facundo Marques (ARG)/Franco Coscia (ARG)
#32 Jorge Barrio (ARG)/Thiago Camilo (BRA)
#13 Pablo Otero (ARG)/Bia Figueiredo (BRA)
DQ
#17 Alceu Feldmann (BRA)/Matías Milla (ARG)
Por: TCR South America