Piloto brasileiro completou 20 voltas na sessão desta terça-feira no Bahrein em dia que caiu uma chuva rápida no deserto; na programação inicial da equipe, Pietro Fittipaldi somente testaria o carro da Haas F1 Team nesta quarta-feira
O primeiro dia de testes da Fórmula 1 no Bahrein foi marcado por uma situação bem atípica: choveu no deserto. Quem aproveitou isso foi Pietro Fittipaldi, piloto de testes da Haas F1 Team, que foi colocado “de surpresa” no carro da equipe americana para pilotar no traçado úmido. O piloto já havia passado por uma situação parecida nos testes de pré-temporada em Barcelona, quando também andou um dia antes do previsto no modelo VF-19 da Haas.
“Foi muito bom pilotar aqui (no Bahrein). A condição do traçado era um pouco úmida, mas isso permitiu que eu acelerasse enquanto a pista estava secando. Isso foi bom para eu me preparar para amanhã. Hoje nós basicamente aproveitamos alguns pneus usados nesta tarde. Eu consegui fazer alguns trechos mais longos e me senti bem confortável com o carro. Estou bem ansioso para pilotar o carro novamente na quarta-feira”, diz Pietro, que foi campeão da World Series em 2017 justamente no Bahrein.
Em 15 edições do GP do Bahrein, nunca houve uma corrida sequer com chuva. Até por isso, as equipes da F1 não tinham pneus para pista molhada nos testes dessa semana em Sakhir.
“Realmente foi uma situação que pegou todo mundo de surpresa, mas posso dizer que aproveitei bem essas 20 voltas no carro da Haas. Estou no Bahrein desde quinta-feira e acompanhei todo o trabalho da equipe no GP. Eu tenho escutado as conversas de rádio e também participo da reunião com a equipe para entender tudo sobre as características do carro, ouvindo também o feedback do Romain (Grosjean) e do Kevin (Magnussen). São dias especiais que estou vivendo por aqui”, completa Pietro, que é neto de Emerson Fittipaldi.
Nesta segunda-feira, Pietro respondeu também algumas perguntas para o site oficial da Haas F1 Team. Confira o bate-papo:
HAAS – Você vem de uma família com vários pilotos no automobilismo, sendo o seu avô, Emerson Fittipaldi, o mais notável e bicampeão mundial de Fórmula 1. Que influência eles tiveram em sua carreira de piloto até agora?
PIETRO – “Ele (Emerson) sempre está por perto passando sua experiência para mim, mas ele gosta que eu aprenda um monte de coisas por conta própria. Ele acredita que você precisa aprender com seus próprios erros. Depois de cada sessão ou teste, ele sempre me liga porque quer sempre se manter atualizado”.
“Meu avô era bem conhecido por montar e acertar um carro de corrida, então se eu tiver alguma dúvida sobre como o carro está se comportando, ele é uma pessoa que pode me ajudar. Quando eu estava correndo na Indy no ano passado, eu fiz meu primeiro teste em um circuito oval. Eu já até tinha corrido em pistas ovais antes, mas com os modelos antigos da Nascar, então em um monoposto é bem diferente. Ele passou a experiência dele de como lembrava da pista, então isso realmente me ajudou bastante”.
“No ano em que nasci, em 1996, ele (Emerson) se aposentou das corridas porque teve um acidente complicado em Michigan. Quando eu estava crescendo, meus dois tios, Christian Fittipaldi e Max Papis, estavam competindo em corridas e campeonatos como as 24 Horas de Daytona, a Champ Car e na NASCAR. Eu cheguei a ir em algumas dessas corridas desde que eu tinha três ou quatro anos de idade e gostei muito de ficar acordado 24 horas apenas assistindo carros de corrida. Meu irmão mais novo, o Enzo, venceu a F4 Italiana no ano passado e faz parte da Academia de Pilotos da Ferrari, então ele está indo muito bem também. É realmente uma família especial”.
HAAS – Você competiu em várias categorias diferentes, tanto em monopostos como em carros de turismo. Competir na Fórmula 1 sempre foi sua principal ambição?
PIETRO – “Sim, meu sonho sempre foi correr na Fórmula 1. Depois do kart, a única oportunidade que tive inicialmente foi correr na NASCAR Whelen All-American Series. Os orçamentos eram mais baixos por lá e nós tínhamos patrocinadores que estavam naquele mercado. Quando comecei a correr na NASCAR, eu realmente estava indo muito bem, então foi uma decisão difícil para mim quando decidi vir para a Europa em 2013. Eu realmente queria seguir meu sonho de chegar na Fórmula 1, então me mudei para a Europa quando eu tinha 16 anos. Eu morei sozinho lá por três ou quatro anos e isso me ajudou a chegar até aqui”.
“Nas primeiras duas ou três semanas na Europa, meu pai veio comigo para ajudar a me instalar lá. Eu morava na casa de um amigo de família. Depois eu morei com meu companheiro de equipe, um piloto mexicano que tinha 17 anos na época. Ele tinha um ano de experiência de morar sozinho, então era bom porque ele sabia fazer várias coisas, como cozinhar e lavar as roupas. Foi um pouco difícil chegar lá sozinho, mas aos poucos você se acostuma e isso faz com que você amadureça muito mais rápido também”.
HAAS – Como surgiu a oportunidade de se tornar um piloto de testes da Haas F1 Team?
PIETRO – “Eu conheci inicialmente o Guenther Steiner em 2016 e ele me disse para eu ganhar o campeonato da Word Series em 2017 para daí conversarmos novamente. Ganhei o campeonato e conversamos sobre a possibilidade de fazer um teste em julho de 2018, mas sofri um acidente em Spa-Francorchamps nos treinos do Mundial de Endurance (WEC). Nós mantivemos contato e, assim que eu me recuperei totalmente, ele disse que me colocaria no carro da Haas em Abu Dhabi. Eu agradeço ele sempre por essa oportunidade”.
Por: RF1 Serviços Jornalísticos