Oportunismo

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Eu deveria ter abordado o tema na semana passada. Entretanto, o desastre com o avião que vitimou o time da Chapecoense no voo rumo à Colômbia, fez com que qualquer assunto relacionado ao esporte, ficasse em segundo plano. Então, agora com os ânimos menos (só que não) exaltados, uso a ponderação semanal desta semana para o Jogo em Pauta, sua crônica esportiva on-line para alfinetar – com razão, penso eu, a diretoria do São Paulo Futebol Clube.

O time teve desempenho pífio em todas as competições disputadas em 2016.  Ficou pelo caminho no Paulista, na Libertadores, e no Brasileiro, um modesto décimo lugar.  Além disso, perdeu seus dois últimos treinadores estrangeiros (a baboseira criada pela imprensa esportiva após os 7 a1 na Copa da Alemanha), que treinador gringo resolveria os problemas do time. Os dois que o São Paulo contratou; Juan Carlos Osório e Edgardo Bauza, não fizeram absolutamente nada de diferente no futebol apresentado pelo clube.

E o São Paulo terminou o ano com Ricardo Gomes sendo limado da equipe, e a diretoria, usou a boa-fé de um ídolo recente do time, para alçá-lo ao cargo de treinador do time principal. É óbvio que Rogério Ceni não recusaria o convite, afinal de contas, ele não hesitaria em ajudar o único clube em que defendeu durante toda sua carreira como atleta profissional de futebol.

Por mais que Rogério seja um sujeito sério, extremamente responsável, e tenha se preparado com cursos no exterior, ele ainda não é treinador.  Ele está sendo usado pela diretoria do São Paulo, que joga para a torcida e tem interesse em permanecer dando às cartas políticas no clube.  Espero sinceramente que o desempenho de Rogério como treinador seja satisfatório. Como iniciante na profissão, com o nível de cobrança num grande clube como o São Paulo, a tarefa é extremamente complicada.  Espero que Ceni se saia bem, embora não acredite em sucesso a curto prazo. Principalmente por conta do elenco enfraquecido, e dos problemas administrativos financeiros que o São Paulo enfrenta, pelo menos, há três temporadas.

Rogério poderia ter perfeitamente assumido um cargo na comissão técnica nas divisões de base do São Paulo. Assim como a história vitoriosa destacou outro personagem do clube: Muricy Ramalho. Ele foi jogador, treinou os times de base, foi campeão em outras equipes, para muito tempo depois, mais experiente e vencedor, assumir a direção técnica do time principal do São Paulo. No caso de Rogério Ceni, por exemplo, fica claro que etapas importantes foram queimadas.

Espero que o ex-goleiro e agora treinador fique de olhos bem abertos, e com as orelhas antenadas.  Ele está se metendo num imenso barril de pólvora, prestes a explodir.  E tal explosão não será nada parecida com os fogos que a torcida soltava para comemorar seus títulos conquistados como jogador. Tomara que Rogério Ceni não tenha se metido numa enorme fria, assumindo o cargo de treinador do time principal do São Paulo por oportunismo da diretoria.

Por Ivan Marconato para o site Jogo em Pauta (www.jogoempauta.com)

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Sobre o Autor

Formado em Educação Física e especializado em Jornalismo Esportivo. Editor e proprietário do Templo dos Esportes

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