Em 1998, o então técnico do Corinthians, Vanderlei Luxemburgo, era o profissional em evidência nos aspectos técnicos e táticos no futebol brasileiro. Depois da derrota brasileira para a França, na partida final da Copa do Mundo de 1998, disputada em solo francês, “o velho-lobo”, Mário Jorge Lobo Zagallo, deixaria o comando da Seleção, para que a “era Luxemburgo” fosse iniciada. O Corinthians, ainda tentou substituir o treinador por Evaristo de Macedo, mas depois de poucos jogos, a diretoria decidiu que seria melhor efetivar no cargo o auxiliar de Luxemburgo, o até então desconhecido Oswaldo de Oliveira.
Quieto, educado, fala mansa. Quase um lorde inglês, se comparado ao treinador do qual era auxiliar. Depois de uma substituição infeliz por Evaristo de Macedo, Oswaldo fora finalmente efetivado como técnico titular do Corinthians. Sucumbiu na disputa de duas Libertadores, mas venceu o Paulistão e o Brasileirão de 1999. No início do ano 2000, conquistou o primeiro mundial de clubes da FIFA. Há quem diga que aquele vitorioso time do Corinthians, bi campeão brasileiro e vencedor do mundial, era tática e tecnicamente armado por Oswaldo. Era o “então auxiliar” que treinava efetivamente o time, enquanto o titular Luxemburgo, ficava com os aspectos motivacionais da equipe.
Depois que deixou o Corinthians, Oswaldo também fez sucesso no Vasco. Foi o treinador durante quase toda a Copa João Havelange de 2000. Mas foi demitido antes do cruz-maltino conquistar o título, sob o comando do técnico Joel Santana. Em 2003, treinou o São Paulo, e venceu o Super Campeonato Paulista. No Brasileiro de 2002, foi o primeiro colocado com uma incrível invencibilidade na fase de classificação do campeonato. Mas perdeu o mata-mata para o Santos, e viu o melhor time do campeonato ser eliminado. Depois daquele ano, o Brasileirão passou a ser disputado no sistema de turno e returno, com pontos corridos.
Passou pelo Fluminense e também pelo Flamengo, além de se aventurar no Kashima Antlers, no futebol japonês, conquistando títulos na terra do sol nascente. Recentemente, dirigiu o Palmeiras e o Sport sem muito destaque. Mas fez seu nome no futebol brasileiro, e já não tem mais com a sombra de simples auxiliar, depois de assumir o Corinthians em 1999. Agora, mais experiente, volta ao clube em que tudo começou. Muitos dizem que seu retorno é um retrocesso, mas depois do sucesso de Tite, qual treinador não seria? Talvez Mourinho, Ferguson ou Guardiola. Todos eles inviáveis para os padrões do futebol brasileiro. Além do fato de que é muito complicado substituir o estudioso treinador que conquistou tudo no Corinthians para brilhar, com absoluta justiça, na seleção brasileira.
Contratado para substituir Cristóvão Borges, foi criticado por torcedores e mídia especializada. Muitos dizem que Oswaldo é ultrapassado. Entretanto, vale lembrar que seu retrospecto nos clubes que dirigiu é mais positivo do que negativo. De qualquer forma, é prematuro “cornetar” a contratação feita pelo presidente Roberto de Andrade. A chegada de Oswaldo, provocou inclusive o pedido de demissão do diretor de futebol Eduardo Ferreira, que foi contrário à contratação do treinador. Entretanto, é preciso paciência com a escolha do presidente. Oswaldo tem bom retrospecto, é experiente, e pode sim, a meu ver, fazer esse time do Corinthians apresentar bom futebol. Ele já começou bem, vencendo em casa América Mineiro.
O Corinthians tem 48 pontos ganhos, e está a uma vitória do G6 do Brasileirão. Então, é preciso paciência, e que deixem o homem trabalhar. Experiência para isso, não lhe falta. Que a volta de Oswaldo seja positiva, tanto para o treinador, quanto para o Corinthians.
Por Ivan Marconato para o site Jogo em Pauta (www.jogoempauta.com)
