A cidade de Santo Antônio do Salto da Onça, no interior do Rio Grande do Norte, vive um momento de muito orgulho e celebração. Isso porque Maria Rizonaide, de 42 anos, fará sua estreia nos Jogos Paralímpicos de Paris, representando o Brasil no halterofilismo. Maria não é apenas uma das melhores atletas do mundo em sua categoria; ela é também uma história de superação.
Maria nasceu com acondroplasia, a forma mais comum de nanismo, que se caracteriza por um encurtamento dos braços e pernas, mantendo o tronco relativamente proporcional.1,2 Para muitos, essa condição poderia ser uma barreira intransponível, mas Maria transformou seus desafios em força. “Eu cresci ouvindo que não poderia fazer muitas coisas por causa da minha condição”, relembra. No entanto, o esporte entrou em sua vida de forma inesperada e transformadora, mudando completamente o rumo de sua história.
A jornada de Maria no halterofilismo começou tardiamente, em 2011, quando ela já tinha quase 30 anos. Até então, ela nunca havia imaginado que um dia se tornaria uma atleta de ponta. Foi através da Sociedade Amigos do Deficiente Físico do RN (Sadef), uma organização que promove a inclusão de pessoas com deficiência por meio do esporte, que Maria teve a primeira oportunidade de mostrar seu talento. “Quando entrei para a Sadef, tudo mudou. O esporte me deu uma nova perspectiva de vida,” afirma a halterofilista.
Os primeiros anos não foram fáceis. Maria precisava equilibrar treinos intensivos com seus trabalhos como babá e empregada doméstica. “Era muito difícil e cansativo conciliar esporte e trabalho. Pensei em desistir muitas vezes”, admite. No entanto, sua determinação falou mais alto, e os resultados começaram a aparecer. Em 2015, Maria conquistou sua primeira medalha de ouro internacional nos Jogos Parapan-Americanos no Canadá, apenas quatro anos após iniciar no halterofilismo. Desde então, seu currículo só cresceu, com conquistas importantes como o ouro no Open das Américas de Saint Louis, nos EUA, em 2022.
A preparação para a Paralimpíada de Paris 2024 tem sido intensa. Maria treina seis dias por semana e dedica-se integralmente ao esporte. “Faz dois anos que me dedico ao esporte em tempo integral para poder chegar aonde estou. Precisei deixar minha vida no Rio Grande do Norte para focar nos treinos em Itu, São Paulo,” explica. Ela carrega consigo não apenas o peso dos halteres, mas também o peso das expectativas de toda uma comunidade de acondroplasia que a vê como um exemplo de superação e perseverança.
De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, entre os 254 atletas convocados para os Jogos, 116 são mulheres, representando 45,67% do total. Este número marca a maior participação feminina na história dos Jogos Paralímpicos, e Maria Rizonaide é parte essencial dessa conquista histórica.
Às vésperas de sua estreia nos Jogos de Paris, Maria se prepara para enfrentar os melhores do mundo com a confiança de quem já venceu desafios muito maiores fora das arenas esportivas. “O esporte não apenas me fortaleceu fisicamente, mas também me deu um propósito de vida. Estou pronta para mostrar ao mundo o que posso fazer”, afirma a atleta, que já é uma vencedora, independentemente do resultado em Paris.
Por: Stephanie Barreto