‘Brazilian Storm’ luta para defender hegemonia no WSL Finals 2024

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Ítalo Ferreira busca o bicampeonato, o octa masculino em dez disputas, enquanto Tatiana Weston-Webb tenta o título inédito no feminino em Lower Trestles, na Califórnia (EUA)

Há 10 anos, Gabriel Medina fazia história ao se tornar o primeiro brasileiro a conquistar o título do Championship Tour (CT), principal torneio promovido pela World Surf League (WSL). A façanha serviu de inspiração e foi o pontapé inicial para que o país deslanchasse na modalidade, tanto em títulos como no aumento do número de fãs e audiência. Em 2024, nas finais que acontecerão em Lower Trestles, Califórnia (EUA), entre os dias 6 e 14, caberá a Ítalo Ferreira, que tenta o seu bicampeonato, e Tatiana Weston-Webb, que procura vencer o campeonato pela primeira vez, defenderem a hegemonia da ‘Brazilian Storm’. 

No masculino, o Brasil pode chegar ao oitavo título em dez edições. Já no feminino esta pode ser a primeira conquista. Independentemente do resultado, a chegada com dois representantes do time verde e amarelo no Finals mantém a tradição brasileira de sempre estar na briga. Vale lembrar que desde que a WSL adotou o formato Finals para definir o campeão mundial, só os brasileiros venceram no masculino. Em 2021, o troféu ficou com Medina. Já em 2022 e em 2023, a taça do circuito mundial foi para as mãos de Filipe Toledo.

O caminho, contudo, não será fácil. No atual sistema de disputas, os cinco melhores surfistas do ranking do circuito mundial na temporada se classificam para brigar pelo título. 

Ítalo Ferreira, quinto colocado, enfrenta o quarto, Ethan Ewing, em uma bateria simples. Quem avançar pega Jack Robinson, o terceiro. Depois, quem passar terá pela frente Griffin Colapinto, o segundo. Quem ainda estiver na disputa terá pela frente, na decisão, John John Florence (primeiro do ranking), em uma série com melhor de três baterias.

“É o que meu pai fala: ‘se deixar chegar, vão ter que aguentar’ porque eu vou com tudo. Boto todas as minhas fichas no jogo. É o que vai acontecer agora, tenho que bater um por um”, afirmou Ítalo Ferreira. “Hoje eu consigo disputar de igual para igual em qualquer condição e isso é bom porque entro para um seleto grupo que pode vencer em qualquer lugar e em qualquer tipo de onda”, completou.

Líder do ranking, o americano bicampeão mundial John John Florence aguarda para saber quem vai enfrentar na grande final, mas prega respeito a Brazilian Storm. “Tem sido desafiador duelar com eles [Brazilian Storm] ao longo desses anos. São surfistas incrivelmente talentosos, o que faz tudo ser desafiador. Adoraria poder ganhar o título pelo Havaí e vencer esses caras seria incrível”, disse Florence. 

Além de Ítalo, os fãs da ‘Brazilian Storm’ ainda poderão torcer pelo inédito título de Tatiana Weston-Webb, no feminino. Quinta do ranking, ela terá pela frente Molly Picklum. Caso vá avançando pode encarar ainda Brisa Hennessy, Caroline Marks e Caitlin Simmers.

Única representante feminina do Brasil na elite da WSL, ela volta ao Finals após dois anos. A vaga veio após triunfar sobre a australiana Tyler Wright na semifinal de Fiji. Ela terminou a etapa como vice-campeã. Beneficiada pela eliminação da francesa Johanne Defay nas quartas, Tati precisava no mínimo de um segundo lugar em Cloudbreak para alcançar entre as cinco.

A gaúcha vem colecionando bons feitos no ano. Em maio, na sexta etapa do Circuito Mundial da WSL, em Teahupoo, no Taiti, tirou uma onda nota 10.00, nas quartas de final. Acabou  eliminada na fase seguinte para a francesa Vahine Fierro, que terminaria campeã da etapa.

Depois voltou a Teahupoo para surfar nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, e ganhou a primeira medalha para o país na modalidade, no feminino, terminando com a prata. Agora, tenta nos Estados Unidos, fazer ainda mais história com o seu primeiro título mundial.

“Estou em um momento bom. Tenho bastante confiança. Estou me sentindo leve, super bem, minhas pranchas estão ótimas e gostando muito do meu surfe. É encaixar no dia e tomar boas decisões nas baterias”, cravou Tati. “Sei que serão várias baterias para chegar no final, mas acho que tudo é possível, até porque a Stephanie Gilmore conseguiu fazer uma vez, então, por que não eu?”, continuou ela lembrando que a surfista australiana teve de superar a costa-riquenha Brisa Hanessey, a própria Tati e a francesa Johanne Defay, antes de encarar a americana Carissa Moore e terminar com o título mundial, em 2022.

A tendência é que as provas aconteçam já nesta sexta-feira (6) e definam os campeões.

Esporte solidificado e cheio de fãs

Tamanho predomínio ao longo dos últimos anos fez com que a WSL lançasse conteúdos exclusivos nas redes sociais sobre a ‘Década de Ouro’, resgatando a história do surfe nacional e reconhecendo os papéis de atletas emblemáticos do passado que, por mais que não tenham sido campeões, foram importantes fontes de inspiração para a geração que passou a conquistar o topo do mundo do surfe a partir de 2014. Nomes como Rico de Souza, Brigitte Mayer e Victor Ribas foram homenageados. 

Houve ainda um crescimento massivo do número de fãs no país. Segundo dados estimados do Ibope Repucom, o país conta com mais de 45 milhões de fãs e tem o surfe como segundo esporte mais praticado, com sete milhões de surfistas.

A entrada da modalidade nas Olímpiadas só ajudou a impulsionar mais esse sucesso. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, os números já foram muito impactantes. Na ocasião, Ítalo Ferreira terminou com a medalha de ouro.

Em Paris 2024, o sucesso continuou dentro e fora das águas. O medalhista de bronze, Gabriel Medina, teve a foto mais curtida no Instagram entre todas relacionadas aos Jogos: mais de 9 milhões de pessoas curtiram a publicação do surfista. Nenhum atleta, celebridade ou autoridade chegou perto desta marca. Na imagem, o brasileiro salta com o braço esquerdo erguido e dedo levantado, enquanto a prancha também voa paralelamente a ele. O registro foi do fotógrafo da Agence France-Presse (AFP), Jérôme Brouillet. A foto no instagram do atleta também alcançou quase 150 mil comentários.

De acordo com os dados consolidados, a transmissão que mostrou a medalha de bronze para Gabriel Medina e a de prata Tatiana Weston-Webb, nas baterias masculina e feminina, renderam um total de 47,5 milhões de pessoas nos canais Globo, somando TV aberta e Sportv. O número representou um aumento de 5,9 milhões de pessoas, ou 14%, na comparação da faixa das quatro segundas-feiras anteriores ao início dos Jogos.

O sucesso do surfe, no entanto, não surpreende quem está nele. Ivan Martinho, presidente da WSL na América Latina, afirma que a conquista de Medina, e também a de prata com a brasileira Tatiana Weston-Webb, no feminino, consolidam o momento atual. Já são sete títulos mundiais e três medalhas olímpicas na década.

“É uma modalidade consolidada. A exposição já é grande e cresce a cada ano. O objetivo é aproximar cada vez mais os atletas e a modalidade dos fãs, humanizando o surfe e fazendo com que as pessoas criem essa identificação constante”, afirma Ivan Martinho.

Prova dessa consolidação está nos números da etapa brasileira do CT, considerada a maior do mundo. Disputada em Saquarema, no Rio de Janeiro, recebeu, neste ano, cerca de 350 mil pessoas durante os dias 22 e 30 de junho e movimentou R$ 159 milhões, segundo relatório de impacto econômico realizado pela EY.

Preocupado com o futuro

Enquanto Ítalo Ferreira tenta manter a hegemonia brasileira em mares norte-americanos, em solo brasileiro o futuro do surfe é trabalhado pela liga com campeonatos que não só descobrem novos talentos, como também permitem que a nova geração possa competir em busca de vagas no CT, com campeonatos como o Circuito Banco do Brasil de Surfe. 

Entre os principais nomes que competem no Qualifying Series (QS) da WSL, estão: Lucas Vicente, campeão mundial Pro Junior de 2019; Ryan Kainalo, atual campeão sul-americano Pro Junior; Gabriel Klaussner; Laura Raupp, atual líder do ranking QS South America; Tainá Hinckel; e Luana Silva, atletas olímpicas do Brasil em Paris 2024.

O WSL Finals terá transmissão ao vivo nos canais Sportv, entre os dias 6 e 14 de setembro. As primeiras baterias colocarão frente a frente ítalo Ferreira e Ethan Ewing, no masculino, e Tatiana Weston-Webb contra Molly Picklum, no feminino.

Sobre a World Surf League:

A World Surf League (WSL) é a casa do surf competitivo no planeta, coroando campeões mundiais desde 1976, apresentando os melhores surfistas do mundo. A WSL supervisiona o cenário competitivo global do surf e estabelece o padrão para o desempenho de alta performance no ambiente mais dinâmico de todos os esportes. Com um firme compromisso com os seus valores, a WSL prioriza a proteção do oceano, a igualdade de gêneros e a rica herança do esporte, ao mesmo tempo que destaca a progressão e a inovação. Para mais informações, visite o WorldSurfLeague.com.

Por: Alexandre de Aquino|Press FC Assessoria e Consultoria

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