Campeões paralímpicos de Tóquio 2020 irão representar 280 atletas da delegação brasileira em primeira cerimônia de abertura do megaevento que será realizada fora de um estádio; desfile partirá da Champs-Élysées, às 15h de Brasília, e percorrerá locais icônicos da capital francesa
Os campeões paralímpicos Beth Gomes, do atletismo, e Gabriel Araújo, da natação, serão os porta-bandeiras do Brasil na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, que ocorrerá na próximaquarta-feira, 28, a partir de 15h (de Brasília). O evento será realizado de maneira inédita fora de um estádio, com o desfile dos atletas que partirá da parte inferior da Champs-Elysées se estendendo pelo coração da capital francesa até a icônica Place de la Concorde.
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Tanto a paulista Beth como também o mineiro Gabriel conquistaram medalhas de ouro na edição de Tóquio 2020 do megaevento paradesportivo. Eles competem nas duas modalidades mais laureadas do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos.
“Beth e Gabriel são dois dos grandes nomes que o Brasil traz a Paris depois de um ciclo impecável, com resultados esportivos e aproveitamento impressionantes nas principais competições pelo mundo, desde o fim dos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Eles dão forma àquilo que o CPB trabalhou e acreditou nos últimos três anos. Temos a certeza e a tranquilidade de que eles orgulharão os compatriotas quando entrarem na Champs-Élysées, empunhando o pavilhão brasileiro”, disse Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e bicampeão paralímpico no futebol de cegos, em Atenas 2004 e Pequim 2008.
Beth, 59, é arremessadora e lançadora da classe F53, para atletas que competem sentados. Em Tóquio 2020, ela conquistou a medalha de ouro do lançamento de disco da classe F52, na qual estava à época. Ela voltou a vencer a prova do disco no Mundial de atletismo de Kobe, no Japão, em maio deste ano, já pela classe atual. Além disso, Beth renovou seguidas vezes o recorde mundial da prova, a última vez foi no final de junho de 2024, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, ao realizar um lançamento de 18,45m.
“É uma sensação muito boa, uma realização. Todos nós atletas paralímpicos sonhamos com este dia. Receber esta notícia de que eu seria a atleta que iria conduzir o pavilhão do nosso Brasil foi muito emocionante, as lágrimas caíram. Vou honrar a nossa bandeira com a maior maestria e representar todos os atletas paralímpicos que estão em Paris e também aqueles atletas que sonham um dia estar aqui, porque sonhos são para ser realizados. Estou aqui por vocês e por todos”, afirmou Beth, que era jogadora de vôlei em 1993 quando foi diagnosticada com esclerose múltipla.
Beth irá disputar duas provas ao longo dos Jogos, ambas no dia 2 de setembro. Pela manhã, a paulista competirá na prova do arremesso de peso e, à noite, no lançamento de disco.
Em sua estreia paralímpica, em Tóquio 2020, Gabriel, 22, conquistou três pódios: ouro nos 200m livre e nos 50m costas e prata nos 100m costas, pela classe S2, para atletas com comprometimentos físicos-motores. O atleta voltou a nadar as mesmas provas em dois Mundiais, na Ilha da Madeira, em Portugal, em 2022, e em Manchester, na Inglaterra, em 2023. Obteve a primeira colocação em todas as disputas.
“Este será um momento único. Em Tóquio, eu não pude ir para a abertura [em razão da pandemia de Covid-19]. Agora, estou aqui em Paris para viver todos os momentos possíveis. Fico feliz de representar o Brasil na competição e a todos os atletas na abertura. É um privilégio que me deixa muito feliz. Fiquei muito emocionado ao receber a notícia. É uma honra para poucos”, disse Gabriel, que nasceu com focomelia, doença congênita que impede a formação de braços e pernas. Ele conheceu a natação por meio de um professor de Educação Física da escola onde estudava.
Gabriel também contou admirar a atleta com quem irá dividir a missão de representar os atletas brasileiros durante a cerimônia. “É uma honra estar ao lado de uma mulher tão experiente e de tanta competitividade, que está sempre buscando atingir seus objetivos em todas as competições. É muito bom participar deste momento com uma referência do esporte”, afirmou o nadador, que fará sua estreia na competição no dia seguinte à abertura. O mineiro disputará, às 10h13 de Paris (15h13 de Brasília), a eliminatória dos 100m costas, prova na qual foi medalhista de prata em Tóquio 2020.
O programa de competição de Gabriel ainda terá outras quatro provas. Ele disputará os 50m costas, em 31 de agosto; os 150m medley, em 1º de setembro; os 200m livre, no dia 2 de setembro; e os 50m livre, no dia 6 de setembro.
O Brasil será representado em Paris por 280 atletas, sendo 255 com deficiência, de 20 modalidades nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. É a maior delegação brasileira já anunciada para uma edição dos Jogos fora do Brasil.
Antes, a maior equipe nacional para uma disputa no exterior era de 259 convocados ao todo em Tóquio 2020. Já o recorde de participantes do país foi nos Jogos do Rio 2016, ocasião em que o Brasil sediou o megaevento e contou com 278 atletas com deficiência em todas as 22 modalidades já classificadas automaticamente.
Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 terão transmissão ao vivo dos canais SporTV e pelo canal do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, do inglês) no Youtube.
Confira os porta-bandeiras do Brasil desde 1996:
Tóquio 2020
Abertura: Petrúcio Ferreira (atletismo) e Evelyn Oliveira (bocha)
Encerramento: Daniel Dias (natação)
Rio 2016
Abertura: Shirlene Coelho (atletismo)
Encerramento: Ricardinho (futebol de cegos)
Londres 2012
Abertura: Daniel Dias (natação)
Encerramento: Alan Fonteles (atletismo)
Pequim 2008
Abertura: Antônio Tenório (judô)
Encerramento: Daniel Dias (natação)
Atenas 2004
Abertura: Aurélio Guedes (atletismo)
Encerramento: José Afonso Medeiros (atletismo)
Sydney 2000
Abertura: Luís Silva (natação) e Ádria Santos (atletismo)
Encerramento: Danilo Glasser (natação) e Roseane Ferreira (atletismo)
Atlanta 1996
Abertura: Anderson Lopes (atletismo)
Por: Comitê Paralímpico Brasileiro