Tiago Ferreira e Flávia Oliveira são os campeões do Red Bull Gravel X, no Vale Europeu de SC

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Braços abertos sobre a bike para comemorar a superação de um grande desafio. Cena clássica que se repetiu neste sábado (3) e domingo (4) durante o Red Bull Gravel X, no Vale Europeu de SC. Além de uma grande festa no entorno do ciclismo, o evento esportivo com mais de 100 atletas, de quatro países e nove estados brasileiros, teve a celebração máxima do português Tiago Ferreira e da carioca Flávia Oliveira. Os dois foram os grandes campeões após quase 300 km e 4.500 m de ganho de altimetria pelos vales e serras da região nas duas etapas na maior competição de travessia Gravel realizada no Brasil. 

O Vale Europeu de Santa Catarina, berço de grandes nomes do ciclismo nacional, como Hans Fischer, celebrou a modalidade. O gravel é a grande novidade do ciclismo nos últimos anos. O formato travessias gravel está revolucionando as competições de ciclismo nos EUA e Europa. Uma extensa programação envolveu a comunidade de Timbó, cidade-sede da prova, em três dias de programação, desde a abertura da Expo Red Bull Gravel X, na sexta-feira (2), até a coroação dos grandes vencedores da competição, no Pavilhão de Eventos Henry Paul. Tiago Ferreira e Flávia Oliveira foram os melhores dos 155 km de sábado (3) e dos 132 km de domingo (4) no belo e desafiador percurso do cicloturismo do Vale Europeu de Santa Catarina. 

“Este é um título significativo para mim. O Red Bull Gravel X foi uma corrida importante de uma modalidade que cresce muito em todo o mundo. Para a minha carreira, é muito interessante ter uma vitória como esta, em outra modalidade do ciclismo”, falou Tiago Ferreira instantes depois de cruzar a linha de chegada da segunda etapa e ter a certeza que foi o maior vencedor entre os homens em Timbó (SC). 

O entusiasmo foi também de Flávia Oliveira. Com muita experiência no gravel, com participações em eventos fora do Brasil, a atleta vibrou com a vitória nas duas etapas que a fizeram a campeã da maior competição da modalidade já realizada em solo brasileiro. “´É uma honra ser campeã. Espero que o gravel vá adiante no Brasil. Uma nova modalidade do ciclismo que está acontecendo neste momento. É muito importante para mim estar nesse movimento. Espero que continue e acrescer e inclua mais pessoas no esporte”, falou a grande campeã do Red Bull Grave X. 

Os campeões, assim como os dois primeiros colocados na classificação geral final, recebem premiação em dinheiro e, ainda, vaga para o Santander Brasil Ride Diverge Gravel Race, na semana seguinte em Botucatu (SP). Há troféus também aos primeiros colocados em categorias por faixa etária. O Red Bull Gravel X foi a maior competição de travessia gravel realizada no Brasil. Não poderia ter uma cidade-sede diferente. Timbó (SC) é a capital do cicloturismo e tem uma comunidade fortemente ligada ao ciclismo. 

“Este é o primeiro grande evento para o município dsstaque no ciclismo nacional. Estamos contentes por receber um evento do porte do Red Bull Gravel X e reforça nossa ideia de ter a bicicleta como uma ferramenta de transformação, seja na questão social, de saúde, de esporte e também no fomento da economia”, afirma Jorge Krüger, prefeito de Timbó. 

Primeira etapa, sábado (3)

O Pavilhão de Eventos Henry Paul, em Timbó, foi o local de largada da maior competição de travessia gravel realizada do Brasil. A primeira etapa do Red Bull Gravel X teve a distância de 155 km e mais de 2.300 metros de altimetria. Os mais de 100 atletas passaram por diferentes cidades entre Timbó e Doutor Pedrinho, local da linha de chegada da etapa realizada no sábado (3). O trecho final do percurso reservava o desafio Rei e Rainha da Montanha, promovido pela Strava, aos melhores da Subida dos Anjos, um grande aclive de quase 10 km até a chegada na última cidade do percurso. 

Tiago Ferreira e Flávia Oliveira venceram o desafio de subida, bem como a etapa. O ciclista português abriu diferença para os demais justamente na Subida dos Anjos e conquistou a vitória que o surpreendeu. “O gravel é uma modalidade completamente nova para mim. Nunca tinha feito nada de gravel, tive contato com a bicicleta apenas quatro dias antes da etapa. Tive alguns problemas no caminho, mas na subida longa consegui ficar na frente” , falou Ferreira. O campeão mundial de Maratona Mountain Bike de 2016 fechou os 155 km da etapa primeira em 5h13m21s – seis minutos de vantagem para os demais. 

O gravel foi uma novidade também para a segunda colocada da primeira etapa na prova feminina. A triatleta Bia Neres deixou a modalidade de lado no fim de semana para participar pela primeira vez na vida de uma competição de travessia gravel. “Gosto de novos desafios. Já fiz provas de Mountain Bike para ganhar força no triatlo. Mas vi no Gravel essa possibilidade pela dificuldade de correr na terra e da variação de piso. Sofri muito nesta primeira etapa, foi na raça em vários momentos”, contou a triatleta de Santos (SP) e que está na cidade de Joinville (SC) há dois anos. 

Bia Neres fechou o percurso da primeira etapa em 6h18m56. A vitória na etapa foi da experiente Flávia Oliveira. A carioca cravou o tempo de 5h55m48 para chegar na frente e ainda conquistar o desafio de Rainha da Montanha na Subida dos Anjos. “Rezei para todos os santos”, brinca, “mas cada um vai no seu ritmo porque é uma subida longa e difícil, e não é a última até a linha de chegada da primeira etapa”, disse a brasileira radicada nos Estados Unidos que se dedica há um ano e meio a competições de travessia gravel pelo mundo.  

Segunda etapa, domingo (4) 

O ponto de chegada do primeiro dia foi o local da largada do segundo dia. Os mais de 100 atletas começaram a etapa 2, neste domingo (4) em Doutor Pedrinho rumo aos Pavilhão de Eventos Henry Paul, em Timbó (SC). Além de distância menor em relação à etapa anterior, os 132 km tiveram um percurso mais rápido, apesar dos 2.400 metros.de altimetria acumulada. O grande desafio foi o sobe e desce em todo o trajeto, além da chuva que apareceu na reta final da prova para os primeiros colocados. 

Sob forte chuva, Felipe Cristiano da Paixão Marques, puxou a fila de outros três atletas para ganhar a segunda etapa do Red Bull Gravel X com o tempo de 4:46:51, seguido de André Gohr e Ulisses Abbud, que também estiveram no top-3 na véspera. “Fui prejudicado na primeira etapa com um furo de pneu. Neste domingo a ideia era conquistar um bom resultado, com a disputa, minha estratégia foi ganhar etapa”, contou o atleta de contrarrelógio de Juiz de Fora (MG). A prova masculina foi dominada por um bloco de quatro ciclistas. Entre eles, o campeão Tiago Ferreira, que andou junto o tempo todo e deixou a disputa do primeiro lugar para os demais. Fez o suficiente para ser o campeão geral do Red Bull Gravel X. 

“Não esperava ter a performance do primeiro dia, após apenas duas semanas de treino. Nesta segunda etapa, eu teria que me defender. Ficamos em quatro no final, e meu trabalho era estar com eles. Eles puxaram para chegar ao fim, e acompanhei sem lutar por este pódio. Estou contente por vencer a minha competição de gravel da carreira, ainda mais um evento desse, de excelente organização”, falou Tiago. 

A estratégia de aproveitar a vantagem construída na primeira etapa também foi a de Flávia Oliveira. No entanto, com experiência de gravel no currículo, ela repetiu a cena da véspera, ao ser a primeira mulher a cruzar a linha de chegada. Flávia concluiu a prova em 5h32m27, dez minutos na frente de Bia Neres, novamente a segunda colocada. “O percurso foi muito lindo, mas muito difícil. Praticamente não havia parte plana em nenhum momento. Eu resolvi me preservar mais depois da loucura do dia anterior. A organização está de parabéns pelo nível da competição, nota 10”, comentou Flávia, que tem mais de duas dezenas de provas de travessia gravel na carreira.  

“Conseguimos mostrar as belezas de Timbó e de todo o Vale Europeu em uma competição de alto nível em todos os sentidos. Seja dos atletas, que disputaram muito as primeiras colocações, e também em trazer para Santa Catarina uma competição de nível internacional, com uma excelente organização desde a recepção aos competidores até a festa de encerramento do evento”, avaliou Ana Lidia Borba, CEOda Flows, empresa realizadora do Red Bull Gravel X. 

O Red Bull Gravel X é realizado pela Flows, com apoio institucional da Prefeitura de Timbó e apoio de Nomad, Goodyear, Strava, Furia, Oakley, Shimano, Simply Water e Timbó Park Hotel, hotel oficial do evento

Restultados finais do Red Bull Gravel X

Geral Feminino (final após 2 etapas) 

1. Flavia Oliveira, 11h28m15

2. Bia Neres,12h02m39

3. Tamires Fanny Radatz, 12h16m13

Geral Masculino (soma das 2 etapas) 

1. Tiago Ferreira, 10h00m22

2. Ulisses Abbud, 10h06m17

3. André Gohr, 10h10m46

Etapa 2, domingo (4), Feminino 

1. Flavia Oliveira, 5:32:27

2. Bia Neres, 5:42:43

3. Raiza Goulad Henrique, 5:48:40

Etapa 2, domingo (4), Masculino

1. Felipe Cristiano da Paixão Marques, 4:46:51

2. André Gohr, 4:46:56

3. Ulisses Abbud, 4:47:01

Etapa 1, sábado (4), Feminino 

1. Flavia Oliveira, 5:55:48

2. Bia Neres, 6:18:56 

3. Tamires Fanny Radatz, 6:22:01

Etapa 1, sábado (4), Masculino

1. Tiago Ferreira, 5:13:21

2. Ulisses Abbud, 5:19:15

3. André Eduardo Gohr, 5:23:50

Sobre ciclismo gravel

Grande novidade do ciclismo mundial no momento, o gravel tem ganhado cada vez mais espaço e preferência. O formato permite disputas em maiores distâncias e em maior velocidade que as tradicionais maratonas de mountain bike (XCM) e, simultaneamente, dão a chance de desbravar estradas mais bonitas, seguras e com menor movimento, por não serem pavimentadas.

Em 2022, a UCI (União Ciclística Internacional) realizou pela primeira vez um Campeonato Mundial de Gravel, em Veneza, na Itália. A partir do ano que vem, passará a chancelar também um circuito internacional. Atualmente, a grande referência da modalidade é a Unbound Gravel Race, realizada anualmente no Colorado, nos EUA. O evento reúne mais de 4.000 atletas ao longo de quatro dias, incluindo competições de 25, 50, 100 e 200 milhas.

Sobre o Vale Europeu

O Vale Europeu foi o primeiro circuito organizado e planejado para o cicloturismo no Brasil. A rota leva os ciclistas, autoguiados, por cerca de 300 quilômetros de estradas de terra e calçamento, em áreas rurais e urbanas dessa região catarinense. 

Por: SixComm Comunicação – Danilo Caboclo

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Sobre o Autor

Formado em Educação Física e especializado em Jornalismo Esportivo. Editor e proprietário do Templo dos Esportes

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