Em entrevista, Zagueira do Corinthians e da Seleção Brasileira, Erika Cristiano, fala sobre início de sua carreira, dificuldades do futebol feminino e perspectivas para o futuro
O futebol feminino vem pouco a pouco conquistando seu espaço no meio esportivo, com as mulheres representando 41% da audiência do futebol na televisão brasileira. Segundo informações do Ibope, de 2014 a 2018, o tempo médio consumido do futebol por mulheres aumentou 30%. Além disso, o tempo médio assistido de jogos femininos pela população cresceu 51%. Mas o caminho à percorrer ainda é longo. Para a zagueira do Corinthians, Erika Cristiano, a disparidade entre o futebol femino e masculino é grande. “As mulheres precisam batalhar muito mais para conquistar uma pequena parcela do reconhecimento obtido pelos homens. É disparada a diferença entre [o futebol]masculino e feminino. Disparado em tudo e em todos os países”, diz ela.
A busca por direitos ao longo dos anos teve uma melhora, mas ainda está longe de equiparar aos rendimentos masculinos. “Tivemos uma melhora gigantesca, mas nós temos muito ainda o que evoluir. E não é só o futebol feminino, é tudo e toda profissão que envolve a mulher. Todo mundo sempre fala que somos o país do futebol, mas só do futebol masculino”, acrescentou. De acordo com a lista da Forbes de maiores salários no futebol, enquanto no masculino Lionel Messi recebe um salário de 126 milhões de dólares, Alex Morgan recebe 4.6 milhões sendo a jogadora mais bem paga do mundo.
Convocada para a Seleção Brasileira desde os seus 16 anos, Erika enfrentou muitos desafios para conquistar seu espaço, e por isso, busca incentivar outras meninas que – assim como ela – nasceram para jogar futebol e sonham com uma carreira no esporte. Em entrevista para o Sites de Apostas ela disse “Desde pequenininha eu coloquei na mente que queria ser jogadora de futebol, independente do que acontecesse e sei que existem muitas garotas com o mesmo sonho. Eu gosto de dar máxima atenção para elas, porque eu não tive essa atenção. Converso sobre a realidade que a gente vive, mas ao mesmo tempo, tento incentivar ao máximo para que elas não desistam dos sonhos.”
Apesar de muitos estados terem leis de incentivos ao esporte, as instalações para formação de novas jogadoras têm pouco apoio e incentivo governamental para melhora nas estruturas. “Na maioria das vezes, os prefeitos vão até lá quando precisam de voto”, conta. “Mas a mídia é capaz de mudar isso. Se ganhamos espaço na TV, é possível conquistar mais patrocinadores. Tem muita TV querendo que a modalidade cresça, muitos profissionais que querem isso e que estão investindo na modalidade, então, hoje a mídia é fundamental para fortalecer o futebol feminino no Brasil”, disse Erika.
Em sua carreira, Erika acumula partidas especiais e momentos inesquecíveis, mas uma ocupa um lugar de destaque em seu coração. “Em 2019 nós fomos campeãs do campeonato Paulista contra o São Paulo. Eu jamais imaginei, com 32 anos, eu dentro de campo vestindo a camisa do time que eu amo e colocar 30 mil pessoas no estádio.” A partida, que teve torcida única, foi recorde de público para um duelo entre clubes femininos no País.
Com experiência internacional, Erika conta que em outros países as mulheres estão começando a ter mais voz e que elas estão se organizando e fazendo isso acontecer. “A gente precisa se unir no futebol feminino para aumentar nossa voz, coisa que aqui no nosso país ainda estamos começando”, tivemos uma alta do futebol feminino aqui e fora do Brasil, o que é fundamental para as gerações que estão chegando. Eu quero muito brigar pelo futebol feminino, quero muito levantar essa bandeira. Estamos um passo atrás, mas estamos andando. Antes a gente parava e dava passos para trás, agora estamos indo para frente e aos poucos nós vamos trotando, tendo a iniciativa.”
Por: Sherlock Communications