Olá amigos do Jogo em Pauta (Templo dos Esportes), sua crônica esportiva on-line. Gostaria de saudar os leitores neste primeiro texto de 2017, desejando-lhes um feliz ano novo, com muita saúde, paz e prosperidade. E no primeiro texto deste novo ano, aproveito a tal prosperidade, e o ensejo bons desejos com lente de aumento, para fazer uma crítica – só para não perder o costume. E a crítica se refere à Copa São Paulo de Futebol Júnior.
A principal competição do futebol de base do país está na sua 48 edição. É o campeonato de futebol mais antigo do Brasil, superando até mesmo o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. O torneio conta com a participação de equipes que estão esparramadas por todo o território nacional. Nada mais democrático! Entretanto, a liberdade neste caso vai até à página dois, mesmo porque não há como se encontrar o mínimo de qualidade, num campeonato disputado por 120 times em apenas 23 dias de competição. E haja lente de aumento nessa história.
A “Copinha” como é carinhosamente chamada, não justifica seu apelido. Afinal, são mais de três mil jogadores, distribuídos em 30 grupos em 29 cidades cidades-sede. No início, a disputa dos jogos ficava restrita à capital paulista. Desta forma, a tradição do campeonato também foi deixada de lado. A não ser por conta de sua partida final. A decisão será disputada no dia 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo, no estádio do Pacaembu, como tradicionalmente acontece há quase cinquenta anos.
Mas no caso da Copinha, a tradição sucumbiu à desorganização. Afinal de contas, é desportivamente inconcebível, uma competição de futebol ser disputada por 120 equipes em apenas 23 dias. E mais: no futebol há a necessidade de que se tenha um intervalo de (no mínimo) três dias entre a disputa de uma partida e outra. E como fazer isso num campeonato com um número tão elevado de equipes participantes? Antigamente, a organização do torneio ficava sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Esportes. Mas quando a Federação Paulista de Futebol assumiu o comando da competição, o critério desportivo foi deixado de lado. Com isso, o torneio inchou. E eu lhes pergunto: como achar qualidade no meio de tamanha quantidade?
E o objetivo da imprensa esportiva, torcedores e amantes do futebol como um todo, tem nesse que é o principal campeonato formador de jogadores de futebol no Brasil é valorizar a categoria de base. O investimento nos jovens jogadores é tecla batida à exaustão por todos que estão direta, ou indiretamente envolvidos com o futebol. Alguns afirmam que é a única forma do futebol brasileiro sobreviver aos desmandos da cartolagem. Entretanto, ao contrário de tal pensamento, existem equipes que são formadas exclusivamente para a disputa da Copa São Paulo, e simplesmente desaparecem após o dia 25 de Janeiro. Existe explicação lógica ou desportiva para tal fato?
Evidentemente que não. E as explicações não são encontradas por conta do chamado “futebol-negócio”. Diversas equipes são formadas por empresários, que ávidos pelo lucro fácil e rápido, usam a competição como “prateleira “para encaixar seus atletas em alguma grande equipe do futebol brasileiro.
Me lembro muito bem da equipe que venceu a Copinha em 2001. O Roma de Barueri foi o ganhador daquela edição da Copa São Paulo, mas depois disso o time simplesmente desapareceu. A equipe, que disputou aquela edição da Copinha pela cidade de Barueri, já mudou duas vezes de sede. O clube fundado em 2000 já teve sede nas cidades de Barueri e Apucarana. Esse tipo de equipe firma parcerias com as prefeituras da cidade, e quando o dinheiro público desaparece, a equipe muda de sede. Atualmente o Roma defende a cidade de Itapetininga, mas manda seus jogos na cidade de Capão Bonito, ambas as cidades do interior de São Paulo. E cabe uma outra pergunta: qual jogador daquela equipe do Roma, campeã da Copinha em 2001, se sobressaiu no futebol brasileiro?
Por conta de episódios como esses é que a tradicional Copa São Paulo de Futebol Júnior deveria ser repensada. Sua organização deveria ser feita com mais critérios desportivos. Afinal de contas, é inadmissível que um torneio que já revelou craques como Toninho Cerezo, Paulo Roberto Falcão, Raí, Djalminha e tantos outros, seja tratado de forma tão displicente e politiqueira por parte da cartolagem que comanda o futebol brasileiro.
Por Ivan Marconato para o site Jogo em Pauta (www.jogoempauta.com)